15/12/15 - 07:09
O Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) divulgou os primeiros números que retratam o custo adicional dos sojicultores com os replantios realizados até o final de novembro. Conforme os analistas do órgão, os trabalhos extras encareceram o desembolso, que já era recorde nesta safra, em 7,8%, o que em cifras representa uma movimentação a mais de cerca de R$ 64,8 milhões.
Como explicam os analistas do Imea, as irregularidades climáticas nos últimos meses, de setembro a novembro, refletiram não só no ritmo do cultivo da nova safra de soja, atrasando o calendário dos produtores, como também obrigaram muitos agricultores a refazerem o plantio, já que muitas áreas semeadas não resistiram à estiagem, devido à baixa umidade do solo. "O Imea estima que até o dia 27 de novembro, em Mato Grosso, a área ressemeada tenha somado 281,8 mil hectares, representando 3,1% da área total, estimada em 9,2 milhões de hectares", destaca trecho do estudo realizado. Vale destacar que nessa primeira dezena de dezembro, o plantio atingiu, conforme acompanhamento do próprio Imea, cobertura de 98% da superfície estimada, contabilizando 12 semanas de trabalhos desde o início do acionamento das plantadeiras na segunda quinzena de setembro. No ano passado, no mesmo momento, a semeadura estava 100% realizada.
Com relação aos custos financeiros de cerca de R$ 64,8 milhões, os analistas frisam que foram considerados apenas os gastos com sementes e diesel. Nenhuma outra despesa, como adubação ou tratamento de sementes foi contabilizada, serviço que se tiver sido feito, onera ainda mais a conta. "O gasto extra de 7,8% sobre o custo total implica que o produtor que ressemeou deverá colher 4,09 sc/ha a mais ou vender a um preço R$ 4,37/sc superior para conseguir cobrir estes gastos que não estavam na conta. Caso o clima não favoreça o desenvolvimento das lavouras nos próximos meses ou os preços, que já recuaram no último mês continuem a cair, o produtor que ressemeou pode ver sua margem ainda mais apertada", alertam.
COMERCIALIZAÇÃO - Em novembro, por exemplo, a comercialização da safra de soja 2015/16, em Mato Grosso, apresentou a menor evolução no ritmo de vendas, desde julho desde ano. Como destaca o Imea, a variação mensal observada no mês passado foi de apenas 2,24 pontos percentuais (p.p.), ou 650 mil toneladas, o que levou a 55,35% de toda a produção estimada vendida de forma antecipada.
Conforme o Imea, dois fatores contribuíram para a perda de ritmo, como vinha sendo registrada até então. "O primeiro deles se pauta no recuo do preço ocorrido no preço futuro da saca no Estado. Após altas consecutivas mensais sobre as cotações da safra 2015/16, a queda do dólar pesou contra os preços no mercado interno. Mesmo com as cotações permanecendo acima do que se via em igual momento de 2014, com média de R$ 58,11/sc, a precificação não foi suficiente para estimular grandes volumes de vendas. O segundo é que o foco em novembro foi a semeadura e sem novidades no mercado, o ritmo de vendas foi arrefecido à espera de novas oportunidades, até porque a conta da nova safra está exigindo cotações mais elevadas".
Diário de Cuiabá
Autor: MARIANNA PERES