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Mercado agrícola inicia segundo semestre sem grandes impactos da pandemia

A pandemia causada pelo coronavírus, que teve início no mês de março no Brasil, impactou diretamente o mercado agrícola. Os meses de março, abril, maio e junho registraram diversas mudanças no cenário de movimentações do setor, influenciando o fluxo nos portos, as operações nas empresas e a quantidade de trabalhadores no mercado como um todo, entre outros fatores. Entretanto, o segundo semestre apresentou mudanças nesse sentido, uma vez que o mercado de grãos, sucroenergético e de fertilizantes tem apresentado no último mês um gradativo aumento nas movimentações de produtos. Ainda que alguns fatores como o clima tenham influenciado no mercado de grãos, por exemplo, o cenário se manteve relativamente estável com tendência de reajustes positivos na segunda quinzena. As informações, obtidas diariamente pelos pesquisadores do Grupo ESALQ-LOG, fazem parte do projeto SIFRECA – Sistema de Informações de Fretes, desenvolvido pelo Grupo há mais de 20 anos.

Enquanto os meses de março e abril registraram baixa demanda em praticamente todo território nacional, influenciados pela alta do dólar, redução dos quadros de funcionários e queda nos valores de fretes, uma situação bem diferente está sendo observada no segundo semestre.  No início de julho, os dados apontaram um aumento nas movimentações de milho na região do Mato Grosso, ainda que com baixa oferta de transporte, gerando reajustes positivos nos valores de fretes. Algo parecido foi observado na região do Paraná, onde as condições climáticas afetaram a produtividade das movimentações e consequentemente os valores de frete aplicados. A ocorrência do “ciclone bomba” também afetou o cenário na região Sul, dificultando as operações. As regiões do Rio Grande do Sul, Norte e Nordeste igualmente registraram altos patamares nos valores de frete, ocasionados novamente pela dificuldade de movimentação em função das fortes chuvas.  A última quinzena apresentou ainda um novo aumento nas movimentações, fator que impulsionou um reajuste positivo em todo o país.

A mesma mudança foi observada no setor sucroenergético, uma vez que no primeiro semestre o mercado apresentou redução dos fretes de etanol devido à baixa demanda e usinas liquidaram seus estoques para aumento de caixa. As movimentações sucroalcooleiras apresentaram ainda mais um fator impactante: a queda no valor do petróleo, fazendo com que o preço do etanol no mercado também diminuísse. No entanto, o cenário do segundo semestre foi bem diferente. Os registros apontam aumento nas movimentações, levando em conta o câmbio favorável à competitividade do açúcar no mercado interno. Tal condição estimulou a produção, maior que a registrada nos dois últimos anos. As exportações seguiram a mesma elevação, movimentando mais que no mesmo período do ano anterior. Outro reajuste positivo foi observado nos valores de fretes de açúcar, que se apresentaram maiores que em junho. Ainda assim, o mês de agosto deve registrar queda nos valores, em razão do fim da colheita do milho e consequentemente mais disponibilidade de veículos. Já o etanol apresentou aumento em seu consumo, uma vez observada a liberação gradual nas medidas de isolamento.  Ainda assim, apesar do aumento pontual, a produção do combustível ainda é menor que a registrada no ano anterior.

Seguindo a mesma tendência dos demais setores, o mercado de fertilizantes também apresentou aumento nas movimentações, em função da demanda das fazendas para o planejamento do plantio da próxima safra, originando reajustes positivos no mercado de fretes. A colheita do milho novamente influenciou o mercado, aumentando o fluxo de movimentações e maior competição por transporte de produtos. Alguns atrasos foram observados nas filas de recebimento e carregamento no porto de Santos, mas o destaque foi para o porto de São Luís, que recebeu grande quantidade de fertilizantes para abastecimento das regiões do Maranhão, Tocantins, Piauí e Mato Grosso. As importações registraram aumento de 15% em relação ao último mês, e a previsão é que agosto apresente o maior pico de movimentação para o setor.