Graças ao dólar, Brasil pode se tornar maior produtor mundial de soja na safra 2016/2017
Valorização da moeda norte americana tira competitividade da produção local e favorece produção brasileira.
Após alarme falso em 2013/2014, quando muitos cantaram vitória prematuramente, parece que a vez do Brasil assumir a liderança global de produção de soja está por chegar! A equipe da AGR BRASIL estima que na safra 2016/2017 - que terá plantio iniciado em Setembro de 2016, o Brasil poderá finalmente se chamar o maior produtor mundial de soja! Em 2013/2014 a expectativa chegou à ser de produção acima de 90 milhões de toneladas no Brasil - mas um sério veranico durante Janeiro e Fevereiro, assim como uma recuperação de última hora da safra norte americana deixou o Brasil com 86 milhões de toneladas de produção contra 91 milhões dos norte-americanos.Elaborado por Pedro Dejneka.
A forte demanda para a soja norte americana na época levou estoques nos EUA para apenas 2,5 milhões de toneladas, levando preços para próximo aos US$15 dólares por bushel no CBOT e incentivando o produtor americano à plantar áreas recordes no país de 33,5 e 34 milhões de hectares respectivamente em 2014/2015 e 2015/2016. Os americanos produziram safra recorde de pouco mais de 107 milhões de toneladas em 2014/2015 e estão prestes à colher nova safra próximo à 105 milhões de toneladas.
Mesmo com a forte recente expansão de área no Brasil e clima favorável, a safra recorde de 2014/2015 de 96,2 milhões de toneladas ainda não foi suficiente para ultrapassar o ritmo de expansão e produtividade dos americanos. Os produtores do hemisfério norte registraram produtividade média em sua safra 2014/2015 de 53 sacas por hectare, acima do recorde de produtividade registrado no Brasil em 2011 à 51,9 sacos/ha e a média de 50,2 sacas/ha registrada este ano, 2014/2015.
No entanto, a intensa valorização do dólar nos últimos meses vem prejudicando a competitividade do produtor norte americano, enquanto ajuda outros produtores globais, principalmente no Brasil. A recente sequência de grandes safras colhidas em ambos hemisférios e a redução do ritmo de crescimento da demanda global pela oleaginosa, estoques regionais e globais estão nos maiores níveis da história. Isto traz baixa nos preços internacionais.
Mas o produtor brasileiro tem o efeito dólar a seu favor e pode negociar soja à preços 30% ou mais acima dos preços recebidos pelo produtor norte americano - tudo isso enquanto ainda mantém forte competitividade no mercado global.
Elaborado por Pedro Dejneka.
Existe uma fortíssima correlação entre a cotação do dólar na metade de agosto e a variação da área de plantio de soja no Brasil. O gráfico demonstra esta correlação histórica, que vem sendo comprovada ano após ano. É claro que não é uma correlação exata, mas o resumo da obra é: dólar em alta no Brasil tem significado aumento na área de soja no país.
A consequência de tudo isto, na análise da AGR BRASIL, é a continuação de forte expansão de área para a oleaginosa no Brasil e possível forte retração de área de soja nos EUA na safra 2016/2017. A combinação destes fatores pode fazer com que produtores brasileiros semeiem entre 33 e 35 milhões de hectares nos próximos dois anos, enquanto produtores norte-americanos podem reduzir sua área para 30 - 32 mihões de hectares na safra 2016/2017.
Com níveis de produtividade já bem parecidos entre os dois países, e a possível vantagem na área total de plantio para soja em 2016/2017, o fator clima será a única barreira possível de prevenir que o Brasil se torne o rei da soja!
Pedro Dejneka é sócio-diretor da AGR BRASIL, empresa de consultoria voltada para o mercado brasileiro e sediada em Chicago.