09/11/2015
O mercado de etanol perdeu na última semana seu maior argumento de venda: o preço. Depois de várias altas consecutivas no valor cobrado pelo biocombustível nos postos pelo país, a paridade em relação à gasolina se manteve vantajosa em apenas um dos seis estados que costumam ser competitivos para o renovável de cana.
Na 45ª semana de 2015, entre os dias 1º/11 e 07/11, para o consumidor, os preços do etanol continuaram favoráveis apenas no Mato Grosso, onde a relação com a gasolina registra 59,3%. No período, São Paulo, Paraná e Minas Gerais saíram da faixa positiva para o consumo do etanol. No Mato Grosso do Sul e em Goiás, o renovável já tinha perdido a competitividade na semana anterior.
Os aumentos coincidem com o efeito sazonal no quarto trimestre do ano, quando a colheita da safra de cana-de-açúcar entra na reta final no Centro-Sul do País. Soma-se a isso, problemas na produção, devido às chuvas, que também contribuem para a atual alta de preços. No entanto, os efeitos de época têm sido mais intensos em 2015, movimento que já era esperado no mercado.
Um dos fatores para a elevação antecipada dos valores cobrados pelo biocombustível está relacionado ao reajuste da gasolina nas refinarias da Petrobras, ocorrida no final de setembro. A alta da opção fóssil abriu espaço para o aumento do etanol, mantendo certa competitividade. No entanto, o recorde no consumo do biocombustível e a oferta limitada, acabou por elevar ainda mais os preços - uma forma de frear o consumo a níveis seguros de suprimento.
Além da aceleração da demanda, ainda contribuíram para a alta dos preços os problemas na produção, devido às chuvas recentes que atrapalharam a moagem de cana.
Pressão continua
Um fator de estresse no mercado é a possibilidade de novo aumento da Cide sobre a gasolina, o que poderia refletir em mais demanda pelo etanol. Em termos mais concretos, a aceleração dos preços pode se intensificar devido à greve dos petroleiros, que já provoca redução da produção de petróleo e, consequentemente, pode restringir a oferta de gasolina nos postos.
Com isso, a tendência é que o etanol também sofra novos reajustes, já que a escassez de gasolina no mercado pode aumentar a procura pela opção renovável. Além disso, a greve dos caminhoneiros será mais um fator de pressão, devido às dificuldades de escoamento da produção dos combustíveis.
SP, MG e PR: etanol perde vantagem
Na última semana, entre os estados que perderam a vantagem em relação à paridade - SP, MG e PR - o destaque fica para São Paulo, onde o preço estava "batendo na margem" desde o último reajuste da gasolina. Nos postos paulistas houve um aumento de 4,66% no valor do etanol em relação à semana anterior - alcançando uma paridade de 70,7%.
Com um crescimento no preço um pouco menos impactante, de 2,10% a mais no valor do etanol, Minas Gerais também perdeu a paridade, com uma relação de 70,3% entre o biocombustível e a gasolina.
Já o Paraná, depois de leve queda nos valores de ambos os combustíveis no último levantamento sobre os preços ao consumidor, apresentou variação positiva de 3,65% no valor do etanol e de 1,63% na gasolina - fechando a semana com uma paridade de 71,3%.
Entre os seis estados que historicamente apresentam as melhores variações na paridade, o Paraná só não supera a negatividade do atual índice do Mato Grosso Sul, que depois de três semanas de um mercado desfavorável ao etanol, atinge agora 72,7% do índice.
Sobe e desce
O preço do etanol cresceu em 19 estados, decresceu em sete e manteve-se estável em um. Já os valores da gasolina cresceram em 20 estados e registrou seu valor decrescendo também em sete unidades federativas do país.
Marina Gallucci - novaCana.com