21/10/2015
Consultoria espera crescimento de 3,3% na área plantada de soja, um ritmo de expansão menor que o registrado em anos anteriores.
A área plantada de soja deve crescer 3,3% na safra 2015/2016 e chegar a 33,1 milhões de hectares no Brasil. A estimativa foi divulgada nesta quarta-feira (21/10) pela consultoria Agrocunsult, durante uma entrevista concedida pela internet. A estimativa sinaliza um ritmo de crescimento menor que o dos últimos anos. Ao mesmo tempo que há um cenário de preços favoráveis e mercado positivo, as incertezas na economia do país devem levar o agricultor a investir menos nesta temporada.
"Quando olhamos para a rentabilidade do produtor, claramente ele poderia ter uma intenção maior", afirma o analista da Agroconsult, Marcos Rubin. No entanto, pondera, "por mais que ele tenha renda e capacidade de investimento, essa decisão é afetada pelo ambiente econômico que a gente está vivendo", acrescentam destacando a volatilidade cambial e o aumento dos custos de produção.
De acordo com a Agroconsult, os sojicultores já semearam 14% da área prevista até o final da última semana. O ritmo é 3 pontos percentuais maior que o da mesma época do ano passado, quando o período seco foi mais extenso. Em comapração com a mesma época na safra 2013/2014, o trabalho atual é seis pontos percentuais mais lento.
A expectativa, segundo Rubin, é de que a semeadura da safra nova de soja ganhe ritmo nas próiximas semanas, em função da possibilidade de chuvas sobre importantes regiões produtoras. O analista descarta neste momento impactos da situação climática sobre a produtividade das lavouras. Nem mesmo a menor utilização de fertilizantes deve prejudicar o rendimento, De acordo com a Associação Nacional para a Difusão de Adubos (ANDA), a entrega de adubo caiu 5,9% no intervalo de janeiro a setembro, em comparação com o mesmo período no ano passado.
"Na nossa avaliação, existe uma poupança no solo. Os produtores investiram (nos últimos anos) e essa queda na entrega de fertilizantes não é fator preponderante para a produtividade da safra. Se houver eventuais quebras ou redução de potencial, isso deve estar mais ligado a clima e manejo de pragas e doenças do que à adubação média", diz.
A consultoria considera que as lavouras brasileiras devem render, em média, 50,6 sacas por hectare, praticamente estável em relação à safra 2014/2015. Marcos Rubin destaca, no entanto, que ainda não há dados de campo que embasem esse número e que a estimativa foi feita com base em linhas de tendência histórica. A se confirmarem esses números, a safra brasileira de soja deve ser de 110,6 milhões de toneladas, 4,5% a mais que no ciclo anteriro (96,2 milhões de toneladas).
"Os próximos 30 dias serão decisivos para o plantio da soja no Brasil. E a partir dos próximos meses a gente deve rever esses números com base no que a gente vê no campo e nas nossas pesquisas", afirma o analista.
Mercado
A Agroconsult tem uma visão relativamente otimista do mercado de soja. A consultoria trabalha com uma cotação média internacional de US$ 9 por bushel (27,2 quilos), já considerando uma produção acima de 100 milhões de toneladas no Brasil. Apesar de baixo em relação a patamares históricos, o preço ainda é considerado favorável para o agricultor brasileiro, especialmente por causa do efeito da taxa de câmbio - que, para a Agroconsult, deve se manter em R$ 4 por dólar - sobre os preços em reais da oleaginosa.
De acordo com o especialista, comparando com o que era praticado nesta mesma época no ano passado, a cotação atual da soja em reais está entre 8% e 10% maior. Enquanto isso, nos Estados Unidos, no mesmo período, houve uma queda próxima de 20%, deixando, de acordo com ele, o agricultor norte-americano em uma situação limite.
"Claro que temos um aumento de custo (no Brasil) que deve ser ponderado, mas US$ 9 por bushel remuneram o produtor brasileiro e deixam margem em casa. O produtor norte-americano sente mais uma queda de preços. Mas precisão acompanhar o andamento da safra para saber se não vamos ter suspresas", avalia Marcos Rubin.
O risco para o sojicultor brasileiro é o "descasamento" de moedas no momento da compra de insumos e a venda do produtor. Está mais seguro, afirma o consultor, quem compra e vende em dólar faz as duas operações em reais. Se usar moedas diferentes, é maior a possibilidade de prejuízo. "Vai acontecer, mas não creio que seja generalizado", diz.
A considerar o cenário atual, de maior competitividade para a soja brasileira, ele acredita que o Brasil pode superar os Estados Unidos em vendas para o mercado externo. Os exportadores brasileiros devem superar os 54 milhões de toneladas embarcados e os norte-americanos não devem superar os 50 milhões.
Globo Rural