03/08/2015
O economista falou a Sebastião Nascimento. É a entrevista mensal de GLOBO RURAL
Entrevistei o professor Delfim Netto para a edição de GLOBO RURAL que está chegando às bancas. Entusiasta do agronegócio, Delfim ressalta que
os males da política econômica não afetaram o setor. Disse que a produtividade alta das lavouras de soja e milho e a genética de ponta usada na pecuária de corte têm sido fundamentais para manter o Brasil na ponta dos maiores exportadores mundiais - de carne, por exemplo.
Quando perguntei a Delfim Netto se ele acredita que a China irá diminuir a compra de alimentos brasileiros, já que o PIB do país asiático deu um breque, ele me explicou: "A China não importa commodities, e sim água, o que é diferente."
"A China tem uma população gigantesca e muita terra para produzir soja, mas não tem água e irá continuar não tendo. E não é só soja. Um quilo de carne precisa de 15.000 litros de água."
Mas a frase mais forte do professor em minha opinião brotou quando lembrei que ele havia dito, em agosto/setembro de 2014, que o apocalipse não nos esperava na esquina. Foi uma resposta a pergunta feita por um jornalista sobre uma possível paralisação total da economia brasileira.
Veja o que Delfim respondeu agora para GLOBO RURAL: "Pode ficar tranquilo.
Nós não temos competência para impedir o crescimento do Brasil no longo prazo."
Mas ele fez um adendo: A crise econômica não merece esse barulho colossal, "mas é importante compreender que a situação ficou delicada." Completou dizendo que a eleição, que poderia ter dado uma solução ao pessimismo, infelizmente complicou a situação. "A presidente Dilma foi eleita com uma promessa e a negou no dia seguinte à eleição. Depois, enviou um projeto de ajuste para o Congresso. A Câmara devolveu o projeto como um aleijão, infestado de carrapatos."
Delfim, que está com 87 anos de idade, falou ainda dos EUA, do impasse Câmara dos Deputados/Planalto, de Kátia Abreu e de impeachment da presidente. Ele considera que a resposta para os que pedem a deposição de Dilma está no respeito às instituições, e descarta qualquer aventura.
Sobre um tema, a melhora social do Brasil nos últimos anos, o professor é enfático: "É impossível negar. O Brasil cresceu dramaticamente nos últimos 20 ou 25 anos." Confira. Está bastante atual a entrevista com o professor.